O VELÓRIO DA POSSE

Fiquei em Esperantina até o último minuto de 2008, cumprindo desta forma, com integridade e honradez, o mandato que me foi conferido “democraticamente”, sem compra de votos, sem o uso da máquina do Governo ou qualquer outro subterfúgio.
Ainda me é muito viva na memória as lembranças do dia da minha posse em primeiro de janeiro de 2005. Era um sábado e passei a noite em claro, tamanha a emoção que me aguardava nas primeiras horas do dia.

OS PREPARATIVOS PARA ASSUMIR A PREFEITURA

Desde o anúncio feito pela Justiça Eleitoral de minha vitória, às 19 horas de 3 de outubro de 2004, quando a cidade inteira ocupou as ruas para comemorar a vitória das urnas, que não paramos um minuto sequer de trabalhar.

Montamos uma equipe de transição extremamente atuante, experiente e competente. Em 89 dias entrevistamos funcionários públicos, comerciantes, autônomos e populares sobre questões envolvendo a cidade e o modelo ideal almejado por todos para uma administração pública eficiente.

Nossa equipe de transição, a primeira e ÚNICA da história de Esperantina, foi dividida por áreas e distribuídas as funções. Promovemos o levantamento patrimonial do município, fotografamos todos os prédios públicos e seus pertences, levantamos as dívidas da instituição e fizemos um rastreamento de todos os processos jurídicos pendentes no Judiciário.

Enfim, mesmo com os cofres zerados e sem recurso algum deixado pelo meu antecessor, iniciamos naquela manhã de sábado uma gestão com os pés no chão, conhecendo os anseios do povo e a real situação da instituição.

Nada disso foi visto por nós neste período de novo prefeito. Por mais que eu tenha tentado um contato com o “Chico” (enviamos dois ofícios para a casa da mãe tentando marcar um encontro entre nós no gabinete da prefeitura, não obtivemos respostas), não nos foi dado a oportunidade de relatar a real situação da prefeitura, falar dos convênios que estou deixando com dinheiro em caixa, da continuidade da construção das 1.500 casas, das próximas etapas a serem cumpridas para a efetivação da Universidade Municipal de Esperantina (o maior feito de meu governo) e de outras matérias não menos importantes. Deixei para o “Chico”, nas contas da prefeitura, mais de 1 milhão de reais para ele começar bem o mandato e, só de obras e emendas parlamentares deixei para o novo governo, nas contas da CEF mais de 10 milhões de reais em calçamentos, moradia popular, chafarizes e água para a zona rural, uma escola, mercado do produtor, dois postos de saúde e outras obras a serem construídas não menos importantes.

Pelo contrário. O “Chico” (e ele não deve nada a ninguém, pois quem vende seu voto não tem moral para exigir nada de um prefeito) meteu os pés pelas mãos. Do alto de sua arrogância palaciana fez tudo errado. Forjou denúncias, comprou vereadores e patrocinou o seqüestro do meu mandato. Colocou na prefeitura uma quadrilha desqualificada e irresponsável que perdeu prazos, avolumou dívidas, expôs o nome da cidade de forma vil e vexatória na grande imprensa, fomentou ainda mais a antipatia ao seu nome e ao seu grupo, e instaurou um tempo de incertezas e de medo.

O resultado?

Quem passou por Esperantina na manhã de hoje teve a impressão de que em nossa cidade havia acontecido alguma coisa muito ruim. De semblante triste e abatido o esperantinense não compareceu à posse do tal do “Chico”. A missa, de tão desprestigiada, mais parecia de celebração de corpo presente. Na Câmara Municipal somente os militantes petistas do primeiro escalão. Sem eleitores, sem barulho, sem foguetes, sem manifestações e sem tempero. Apenas a cena de um estranho assinando um pedaço de papel e se dizendo Prefeito de Esperantina.

Eleição esquisita essa. Muito voto, poucos eleitores...